O avanço da gripe aviária em diversos países tem provocado preocupação nos mercados agrícolas, especialmente no setor de grãos. Embora a soja não seja diretamente atingida pela doença, especialistas alertam que surtos de influenza aviária podem reduzir drasticamente a demanda por farelo de soja — usado como principal insumo na alimentação de aves — e, com isso, provocar reflexos negativos nos preços e no volume de exportações.

Segundo analistas do setor, o risco imediato de “colapso” no mercado da soja é exagerado, mas os impactos indiretos já são motivo de atenção. “A gripe aviária afeta diretamente a avicultura, que é um dos principais consumidores do farelo de soja. Menos aves em produção significa menos ração sendo utilizada”, explica a economista agrícola Mariana Alves.

Nos Estados Unidos, surtos recentes levaram ao abate de milhões de aves, reduzindo o consumo de ração e pressionando o preço da soja no mercado interno. A China, maior importadora global do grão, também é sensível a esses movimentos. Qualquer recuo na demanda chinesa por soja brasileira, por exemplo, pode afetar produtores e exportadores nacionais.

O Brasil, líder mundial em exportações de soja, observa o cenário com cautela. Embora ainda não haja registros de surtos em granjas comerciais do país em 2025, casos isolados em aves silvestres mantêm o setor em alerta. “O risco sanitário está controlado, mas o mercado internacional é volátil e qualquer notícia pode influenciar as cotações”, diz o analista de commodities Rodrigo Mendes.

Além do farelo usado na nutrição animal, a soja também é aproveitada na produção de óleo vegetal, biodiesel e outros derivados — fatores que ajudam a equilibrar o mercado e evitar maiores danos. No entanto, a diminuição da demanda por ração pode ser sentida no curto prazo, principalmente se os surtos se espalharem ou afetarem grandes centros consumidores.

A recomendação para produtores e agentes do setor é acompanhar de perto os desdobramentos sanitários e as movimentações comerciais no mercado internacional. Enquanto isso, a soja segue valorizada por sua versatilidade, mas não imune aos impactos da saúde animal global.