Haddad admite possibilidade de negociar terras raras com os EUA em meio a tarifaço

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (5) que o Brasil pode negociar um acordo de cooperação com os Estados Unidos envolvendo minerais críticos e terras raras, como parte da tentativa de atenuar o impacto do tarifaço de 50% imposto por Washington a produtos brasileiros. A medida, anunciada pelo governo americano, entra em vigor nesta quarta-feira e afeta centenas de setores da economia nacional.

Durante entrevista à BandNews, ao ser questionado sobre possíveis propostas a serem apresentadas nas negociações, Haddad destacou que os Estados Unidos demonstram interesse nos chamados minerais estratégicos, como lítio, nióbio e terras raras — insumos fundamentais para a produção de baterias elétricas e tecnologias ligadas à inteligência artificial.

“Temos minerais críticos e terras raras. Os Estados Unidos não são ricos nesses minerais. Podemos fazer acordos de cooperação para produzir baterias mais eficientes”, declarou o ministro.

Segundo Haddad, o governo brasileiro traçou um plano de contingência para apoiar empresas afetadas pelo aumento tarifário. O pacote deve ser anunciado até esta quarta-feira (6) e incluirá medidas como crédito em condições especiais e compras governamentais, segundo antecipou o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, que lidera as tratativas com os norte-americanos.

Apesar da ofensiva diplomática brasileira, o Palácio do Planalto admite que são remotas as chances de que a taxação seja revertida ou suavizada. Até o momento, mais de 700 setores foram poupados do aumento, incluindo o suco de laranja e a aviação civil, mas a expectativa do governo é de que novas exceções possam ser adicionadas à lista.

Haddad garantiu que o Brasil continuará nas negociações, mas não aceitará os termos atualmente impostos por Washington. “Eu creio que alguma coisa ainda pode acontecer [novas exceções] até o dia 6. Pode acontecer, mas estou dizendo que não trabalhamos com data fatídica. Não vamos sair da mesa de negociação até que possamos vislumbrar um acordo, que precisa de interesses em comum”, afirmou.

O tarifaço, diferentemente do aplicado a outros países, foi justificado também por razões políticas, como o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), o que elevou a tensão diplomática entre os dois países.

Enquanto as negociações seguem, o governo brasileiro corre contra o tempo para concluir os ajustes finais do plano emergencial de socorro aos setores produtivos mais atingidos pela medida americana.

Redação Pec&AgrBr

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