Produtores brasileiros cogitam deixar laranja apodrecer no pé diante de tarifaço dos EUA

Diante da iminente entrada em vigor da nova tarifa de 50% sobre o suco de laranja brasileiro, produtores rurais do país avaliam medidas drásticas. Uma delas é deixar as frutas apodrecerem no pé por falta de viabilidade econômica para a colheita e comercialização.

A decisão surge após o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impôs a nova taxa como parte de uma política protecionista, afetando diretamente o mercado brasileiro. Atualmente, cerca de 42% da produção nacional de laranja é exportada para os EUA — um volume que, na última safra encerrada em junho, movimentou aproximadamente 1,31 bilhão de dólares.

“Eu vejo que pode realmente já ficar fruto no pé por não ter mercado e você não vai gastar para tirar e não ter para quem vender”, declarou à CNN o produtor Fabrício Vidal, dono de uma fazenda em Formoso, no norte de Minas Gerais. A afirmação evidencia o clima de apreensão entre os produtores, que enfrentam uma brusca queda na rentabilidade.

De acordo com dados da Universidade de São Paulo, o preço da caixa de laranja caiu para R$ 44, quase metade do valor praticado há um ano. A desvalorização, somada ao custo logístico e à falta de demanda externa, tornou a colheita inviável para muitos.

“Cada dia que vai chegando mais perto da entrada em vigor das tarifas aumenta a ansiedade em relação ao que pode acontecer”, afirmou Ibiapaba Netto, diretor-presidente da CitrusBR, entidade que representa os exportadores de suco de laranja, em entrevista à agência Reuters. A nova taxa entra em vigor oficialmente no dia 1º de agosto.

O Brasil é responsável por cerca de 80% da produção global de laranja, sendo o maior exportador de suco concentrado congelado. Já os Estados Unidos, dependentes da laranja brasileira devido à decadência das próprias lavouras causadas pelas mudanças climáticas, devem sentir os efeitos do tarifaço também no mercado interno.

A nova taxa representa um aumento de 533% em relação ao imposto atual de US$ 415 por tonelada, dificultando ainda mais a competitividade do suco brasileiro em território norte-americano. Diante do cenário, o setor agroexportador brasileiro pressiona o governo federal por soluções diplomáticas e alternativas comerciais para evitar um colapso econômico no campo.

Redação Pec&AgrBr

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