CNA discute avanços regulatórios e sanitários para fortalecer cadeia do leite

A Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) se reuniu na última segunda-feira (7) para tratar de temas estratégicos para o fortalecimento da cadeia produtiva do leite. O encontro debateu questões regulatórias, sanitárias e comerciais, com destaque para o bem-estar animal no transporte, a regulamentação do comércio de material genético bovino, o controle de doenças como brucelose e tuberculose e a investigação de práticas desleais de mercado.

Um dos principais tópicos foi a consulta pública sobre boas práticas de bem-estar animal no transporte de bovinos, estabelecida pelas Portarias nº 1280 e 1295/2025 do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). O assessor técnico da CNA, Guilherme Souza Dias, conduziu a discussão, destacando as exigências das normativas, como a presença de agente de bem-estar durante o transporte, avaliações periódicas do rebanho e a obrigatoriedade de programas de autocontrole.

A comissão identificou, porém, que as portarias atuais podem gerar insegurança jurídica para os profissionais do setor. Diante disso, os membros se comprometeram a apresentar propostas de ajustes para tornar o marco regulatório mais viável e adequado à realidade do transporte animal no país.

Outro tema abordado foi a regulamentação das Leis nº 15.021/24 e 14.515/22, que tratam da comercialização de material genético bovino. Segundo Dias, a primeira etapa do processo está em fase final de redação e consiste na publicação de um decreto de caráter geral, enquanto as normas específicas para cada cadeia produtiva serão definidas posteriormente.

A CNA tem atuado ativamente nas discussões, apresentando sugestões para contemplar práticas já existentes no setor, como a doação, a criopreservação e a comercialização de material genético entre produtores pessoa física, além do registro junto às associações de raças.

No campo sanitário, a comissão discutiu estratégias para reforçar o controle e a erradicação da brucelose e da tuberculose no Brasil. Uma das ações previstas é a realização de um workshop técnico para identificar entraves, propor soluções e alinhar práticas com base em experiências internacionais.

Entre as propostas estão o aprimoramento do diagnóstico, certificações, maior eficácia vacinal e mecanismos de indenização para produtores com animais diagnosticados. “Brucelose e tuberculose são dois grandes desafios, então assumimos o compromisso de avançar para melhorar o status sanitário do Brasil”, afirmou o presidente da Comissão, Ronei Volpi.

Os membros também destacaram a importância de revisar os fundos sanitários estaduais, públicos e privados, com o objetivo de garantir segurança aos produtores em casos de abate sanitário. A CNA se comprometeu a promover um amplo debate sobre o tema e mapear as iniciativas já existentes, avaliando metodologia de arrecadação, recursos disponíveis e critérios de indenização.

Outro ponto em pauta foi o andamento da investigação de prática de dumping envolvendo leite em pó importado. A comissão analisou os desdobramentos da audiência pública realizada na última sexta-feira (4) e destacou a expectativa pela publicação do Parecer Preliminar pelo Departamento de Defesa Comercial (Decom) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços ainda neste mês.

O vice-presidente da Comissão, Jônadan Ma, elogiou a atuação da CNA e do Decom no processo. “A CNA está fazendo o seu dever de casa e o Decom tem conduzido muito bem a investigação. Precisamos que o governo priorize essa matéria e não mais permita que o setor conviva com práticas desleais de comércio”, declarou.

A reunião também abordou a atuação da CNA na melhoria dos marcos regulatórios para as queijarias e pequenas agroindústrias, além da organização da cerimônia de premiação da segunda edição do Prêmio CNA Brasil Artesanal de Queijos, que será realizada no próximo dia 22 na sede da entidade.

Redação Pec&AgrBr

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