Por Maycon Tombini

Enquanto o povo aperta o cinto, o Congresso quer afrouxar a própria faixa. Nesta segunda-feira, 5 de maio, veio à tona a informação de que a Câmara dos Deputados poderá votar, em regime de urgência, o aumento no número de parlamentares. A justificativa? Uma decisão do STF que determina a atualização da quantidade de deputados por estado com base no Censo de 2022.

A pergunta que ecoa nas ruas é simples: pra quê?

Mais deputados significam mais gastos, mais assessores, mais privilégios e mais estruturas que pesam no bolso de quem já paga caro demais para sustentar a máquina pública. Enquanto isso, o Brasil real — onde a população luta diariamente por saúde, educação, segurança e infraestrutura — continua à margem das prioridades de Brasília.

Em março, escrevi: “Mais parlamentares ou mais compromisso?” — e reforço agora: o que o país precisa não é de quantidade, mas de qualidade. De representantes que tenham responsabilidade, compromisso e, acima de tudo, respeito com o dinheiro do povo.

A decisão do STF e a pressa da Câmara só escancaram um sistema que continua legislando em causa própria. A população quer soluções concretas, não mais cadeiras ocupadas por quem mal representa os interesses da sociedade.

É inaceitável que, em um momento de crise econômica, inflação alta e descrédito nas instituições, os parlamentares estejam preocupados em ampliar sua estrutura ao invés de cortar gastos e enxugar o Estado. Ainda que respaldada pela “letra da lei”, essa movimentação é uma afronta ao bom senso e ao contribuinte.

Não falta representatividade. Falta vergonha na cara.

O Brasil não precisa de mais políticos. Precisa de mais caráter.