Tensão entre EUA e China pode abrir caminho para soja brasileira no mercado global

As recentes tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos a produtos de diversos países prometem alterar o cenário global do comércio agrícola. De acordo com a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), o novo contexto pode trazer impactos diretos e, possivelmente, positivos para o agronegócio brasileiro, especialmente no que diz respeito às exportações de soja.

Segundo o informativo mensal da entidade, ainda é cedo para prever com exatidão os desdobramentos das medidas protecionistas e como outras nações reagirão. No entanto, os reflexos já começam a ser sentidos no mercado internacional, com alterações nos preços das principais commodities agrícolas.

Um dos pontos destacados pela Anec é a pressão sobre as margens de esmagamento de soja das indústrias chinesas. Esse fator tende a desacelerar as importações pelo país asiático e estimular o uso de estoques internos, comportamento já observado em episódios anteriores de guerra comercial. Mesmo assim, a demanda chinesa por soja segue firme — e pode beneficiar o Brasil.

Com a competitividade do produto nacional em alta, o Brasil pode se consolidar ainda mais como principal fornecedor da oleaginosa para a China, responsável por 77% das exportações brasileiras. Em março deste ano, o país asiático importou 15,7 milhões de toneladas de soja brasileira.

As projeções para 2025 são otimistas: segundo o relatório da Anec, há potencial para exportação de até 110 milhões de toneladas — número que, se confirmado, representará um recorde histórico. No primeiro trimestre de 2025, o Brasil já exportou 26,575 milhões de toneladas, um crescimento de 4% em comparação com o mesmo período de 2024.

Contudo, o cenário não está livre de riscos. A Anec alerta para a dependência do setor agrícola brasileiro em relação a insumos importados, como fertilizantes, defensivos e maquinário. Caso a guerra comercial afete as cadeias globais de suprimento, os custos podem subir significativamente, comprometendo a competitividade brasileira no mercado externo.

Em contrapartida, o recente acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia é visto como uma janela de oportunidade para o Brasil. A entidade acredita que o país tem potencial para ampliar sua participação em novos mercados e diversificar os destinos de exportação.

A conjuntura internacional coincide com um momento favorável para a produção brasileira de grãos. A safra 2024/25 de soja tem previsão de alcançar 172 milhões de toneladas, conforme estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Até a primeira semana de abril, 85,3% da área plantada já havia sido colhida, superando a média dos últimos cinco anos para o mesmo período.

Diante desse cenário, o agronegócio brasileiro se prepara para aproveitar as oportunidades surgidas no contexto da tensão comercial entre as duas maiores economias do mundo.

Redação Pec&AgrBr

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