Pecuarista húngaro sofre perdas de US$ 4,09 milhões após abate de 3.000 bovinos devido a surto suspeito de febre aftosa

Em um cenário devastador para o setor agropecuário húngaro, o primeiro surto de febre aftosa registrado no país em mais de 50 anos resultou no abate de 3.000 bovinos, com um prejuízo estimado em 1,5 bilhão de forints (aproximadamente US$ 4,09 milhões). O surto gerou um impacto econômico imediato e levanta suspeitas sobre a origem do vírus, com autoridades húngaras sugerindo a possibilidade de um “ataque biológico”.

De acordo com Gergely Gulyás, chefe de gabinete do governo húngaro, ainda não é possível descartar que o vírus tenha origem artificial. “Nesse estágio, podemos dizer que não se pode descartar a possibilidade de o vírus não ser de origem natural; podemos estar lidando com um vírus criado artificialmente”, declarou. A suspeita surgiu com base em informações preliminares de um laboratório estrangeiro, embora ainda não tenha sido comprovada de forma documental. A investigação segue em andamento, com apoio internacional.

O surto de febre aftosa foi detectado no mês passado em uma fazenda localizada no noroeste da Hungria, próxima às fronteiras com a Áustria e a Eslováquia. Em resposta imediata, o governo húngaro iniciou o abate dos animais infectados, seguindo os protocolos sanitários da União Europeia, que exigem a eliminação de todos os animais expostos à doença. No total, cerca de 3.000 bovinos foram sacrificados para conter a propagação do vírus.

A febre aftosa é uma doença viral que afeta bovinos, suínos, ovinos e caprinos, provocando febre e lesões nas bocas e cascos dos animais. Embora a doença não represente risco direto para os seres humanos, ela pode ter consequências devastadoras para a indústria agropecuária, com restrições comerciais severas que afetam o trânsito de animais e produtos de origem animal. O foco do surto na Hungria afetou a comercialização de carne e leite, e especialistas alertam para a desvalorização do gado restante nas áreas de risco.

Além das perdas econômicas diretas com o abate, o surto também gerou fortes impactos no comércio agropecuário da União Europeia. A propagação da doença levou à suspensão de exportações e ao fechamento de passagens de fronteira entre a Hungria e os países vizinhos, Áustria e Eslováquia. As fronteiras foram fechadas em resposta à confirmação de casos também no sul da Eslováquia. As medidas visam conter o avanço do vírus e impedir a disseminação do surto para outros países da região.

No âmbito internacional, o governo húngaro iniciou discussões sobre a possibilidade de compensações financeiras aos produtores afetados, embora os valores e prazos ainda não tenham sido definidos. Equipes técnicas foram mobilizadas para atuar na contenção da doença, com a implementação de zonas de quarentena e a desinfecção de propriedades e veículos nas áreas afetadas.

Este episódio reacende o alerta sobre a vigilância sanitária e a necessidade de respostas rápidas em surtos sanitários. A suspeita de que o vírus possa ter origem artificial, se confirmada, pode ter sérias implicações, ampliando a preocupação com a segurança biológica e o impacto sobre a agricultura global.

No Brasil, o surto de febre aftosa ocorre em um momento crucial. Após décadas de esforços contínuos, o país está prestes a ser reconhecido internacionalmente como livre de febre aftosa sem a necessidade de vacinação. Este reconhecimento pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) está previsto para acontecer em maio de 2025, abrindo novas possibilidades comerciais para o Brasil, especialmente com mercados exigentes como Japão e Coreia do Sul.

 

Redação Pec&AgrBr

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