MST realiza 23 invasões em abril durante Jornada de Lutas pela Reforma Agrária

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) afirma ter realizado, desde o dia 1º de abril, 23 invasões em diferentes partes do Brasil como parte da chamada Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, conhecida como Abril Vermelho. As ações incluem a ocupação de propriedades rurais, secretarias estaduais de Agricultura e até uma fazenda experimental pertencente a uma universidade. Segundo o movimento, o calendário de mobilizações segue até o próximo dia 17.
De acordo com o MST, o ritmo das ocupações está acelerado, com média de 2,5 ações por dia. Os estados que registraram invasões neste mês incluem Pará, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Goiás, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.
Em Pernambuco, as ações do grupo se destacaram pelo volume e pela diversidade dos alvos. No sábado (5), milhares de pessoas invadiram a Companhia Agroindustrial de Goiana (Caig), conhecida como Usina Santa Teresa, que produz álcool e açúcar. No mesmo dia, a Fazenda Galdino, em Riacho das Almas, e a Fazenda Barra da Ribeira, entre os municípios de Águas Belas e Iati, também foram ocupadas.
No domingo (6), os alvos foram a Fazenda CopaFruit, em Petrolina, atualmente em processo de desapropriação; a Fazenda Boi Caju, em Tacaratu; a Fazenda Mandioca, nos municípios de Altinho e Ibirajuba; e a Fazenda Brasil, na região serrana de Gravatá, localidade que já abriga outros seis assentamentos.
As ações continuaram na segunda-feira (7), com a ocupação de duas usinas: a Usina Nossa Senhora do Carmo, em Pombos, e a Usina Santa Pânfila, fundada em 1918. Segundo o MST, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) já reconheceu o potencial dessas áreas para fins de reforma agrária, mas os processos de destinação das terras não foram concluídos.
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) se manifestou por meio de nota, expressando preocupação com as ocupações. “A ameaça à segurança jurídica no campo compromete a produção agropecuária nacional e coloca em risco a integridade física e patrimonial dos produtores rurais e de suas famílias”, destacou o texto.
A bancada ainda afirmou que as invasões começaram antes mesmo do início de abril e acusou o governo federal de adotar uma postura permissiva diante das pressões políticas de movimentos sociais.
As ações do MST ocorrem em um cenário de crescente tensão no campo, e devem continuar ao longo dos próximos dias, dentro do cronograma do Abril Vermelho.