As raças de porcos mais caras e exclusivas do mundo

Na suinocultura, nem todo porco é criado da mesma forma. Algumas raças se tornaram verdadeiros símbolos de prestígio na gastronomia mundial, chegando a custar mais de R$ 7 mil por animal. Essas linhagens foram selecionadas ao longo de séculos por sua genética, sabor e características únicas, especialmente o marmoreio — distribuição da gordura entre as fibras musculares, que garante suculência e sabor.
Enquanto no Brasil predominam raças como a Large White e a Landrace, voltadas à produção em larga escala, países como Espanha, Portugal, Japão e Hungria preservam linhagens exclusivas, voltadas ao mercado gourmet.
Ibericus: o rei do presunto
Originário da Península Ibérica, o Porco Ibérico é conhecido mundialmente por ser a base do famoso Jamón Ibérico de Bellota, também chamado de Pata Negra. A iguaria pode ultrapassar R$ 10 mil por peça, e seu segredo está na dieta: nos últimos meses de vida, os animais são criados soltos em áreas de montado e alimentam-se quase exclusivamente de bolotas de carvalho.
Esse regime confere à carne textura amanteigada, sabor adocicado e alto teor de ácido oleico na gordura entremeada. O processo de cura pode durar até 48 meses, e apenas os porcos 100% ibéricos, criados soltos e com alimentação natural, podem receber a certificação “de bellota”.
Kurobuta: o “Wagyu” suíno
No Japão, o destaque é o Kurobuta, nome comercial da carne suína da raça britânica Berkshire. Introduzida no país há mais de cem anos, essa linhagem tornou-se sinônimo de excelência culinária. Sua carne se destaca pelo marmoreio elevado, maciez extrema e um sabor suave e adocicado.
Nos Estados Unidos, a raça também ganhou prestígio entre chefs renomados, com cortes que podem valer até quatro vezes mais do que a carne suína convencional. O filé mignon de Kurobuta, por exemplo, figura em cardápios de restaurantes premiados.
Mangalitsa: o porco de pelos encaracolados
Diretamente da Hungria, a raça Mangalitsa chama atenção pelo aspecto peculiar: pelos longos e encaracolados, semelhantes aos de uma ovelha. Muito valorizada na produção de embutidos curados, sua carne tem altíssimo teor de gordura intramuscular, conferindo suculência e sabor únicos.
Com manejo exigente e ciclo de engorda mais longo, o Mangalitsa é uma raça rara até mesmo na Europa. O custo de um único animal vivo pode variar entre R$ 5 mil e R$ 7 mil, o que reforça seu status exclusivo no mercado de carnes nobres.
E no Brasil?
Apesar da predominância de raças voltadas ao rendimento industrial, como Duroc e Pietrain, o Brasil começa a registrar interesse crescente em suínos de genética gourmet. Alguns produtores já investem em linhagens como o Berkshire e o Mangalitsa, especialmente em projetos voltados à charcutaria artesanal.
Além disso, o país se destaca como um dos maiores exportadores de carne suína do mundo, com presença consolidada em mercados como China, Hong Kong e Japão. Mesmo sem tradição em presuntos curados como os europeus, a qualidade da proteína brasileira é reconhecida globalmente.