Inovação no Cerrado: UFG cria pequi em pó para ampliar mercado e combater desmatamento

A Universidade Federal de Goiás (UFG) está desenvolvendo uma pesquisa inédita que promete transformar o pequi, fruto tradicional do Cerrado brasileiro, em um produto inovador: o pequi em pó. O projeto visa não apenas preservar o sabor característico do fruto durante o ano inteiro, mas também ampliar sua utilização e mercado consumidor, com um impacto positivo na economia local e na preservação do meio ambiente.

A pesquisa, coordenada pelo professor Flávio Alves, da Escola de Agronomia da UFG, utiliza a técnica de spray drying (secagem por pulverização), um processo já conhecido em outras áreas da indústria, como a produção de leite em pó e whey protein. No entanto, esta é a primeira vez que o pequi será submetido a essa técnica para gerar o pó, o que pode abrir novas oportunidades de consumo e comércio do fruto.

Flávio Alves, que já tinha interesse em trabalhar com o pequi devido à sua forte presença na cultura local, explicou que, tradicionalmente, o fruto é consumido in natura, em conservas, ou em preparações como molho. Contudo, a polpa do pequi é frequentemente subaproveitada, já que o fruto só é colhido uma vez por ano. Com o novo método de desidratação, a expectativa é que o pequi em pó possa ser consumido durante todo o ano, aumentando sua durabilidade e viabilizando sua comercialização tanto no Brasil quanto no exterior.

Além do pequi, a pesquisa da UFG também inclui o jambo e a guariroba, com foco nos benefícios antioxidantes e nas vitaminas desses frutos. A transformação em pó facilita o transporte e o armazenamento, permitindo que o produto chegue a novos mercados, além de ser utilizado pela indústria farmacêutica e cosmética.

A principal meta do projeto é que, em menos de um ano, o pequi em pó chegue diretamente à mesa dos consumidores. A versão em pó também promete suavizar o sabor e o aroma intensos do fruto, tornando-o mais acessível para um público maior. Para isso, a pesquisa ainda dependerá de parcerias com indústrias que se interessem pelo produto, além da realização de patente.

O impacto econômico e ambiental do projeto também é significativo. Ao preservar a árvore do pequi, os agricultores podem obter lucros muito maiores com a venda do fruto do que se optarem por cortar a árvore. Com isso, o projeto visa não só melhorar a economia local, mas também combater o desmatamento no Cerrado, incentivando a preservação do bioma.

Além das parcerias nacionais, a pesquisa da UFG prevê colaborações internacionais. Um aluno estudará o pequi na Espanha, enquanto outro pesquisará o jambo no Chile, o que poderá ampliar ainda mais as possibilidades de uso desses frutos.

Com essa inovação, a UFG não só avança no desenvolvimento de novos produtos alimentícios, mas também contribui para a sustentabilidade e a preservação do Cerrado, ao mesmo tempo em que gera novas oportunidades econômicas para os agricultores da região.

Redação Pec&AgrBr

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