Executivos do setor agrícola e de energia dos EUA criticam plano de taxas portuárias de Trump

Executivos dos setores agrícola e de combustíveis fósseis dos Estados Unidos se manifestaram fortemente contra um plano do governo do presidente Donald Trump, que visa impor altas taxas sobre navios ligados à China que chegam aos portos norte-americanos. Durante uma audiência realizada em Washington na última quarta-feira (27/03/2025), os representantes desses setores alertaram que a medida pode prejudicar significativamente a capacidade de exportação de produtos essenciais, como carvão e soja.

A proposta prevê taxas de até US$ 3 milhões por escala para navios de origem chinesa nos portos dos EUA. Segundo o governo, a intenção é enfraquecer a presença comercial e militar da China nos mares internacionais, além de fomentar a recuperação da indústria naval norte-americana. No entanto, os críticos argumentam que o plano não atingiria apenas a China, mas também as empresas dos Estados Unidos, que dependem de navios chineses para transportar suas exportações.

Impacto nas exportações e na economia interna

Os opositores da medida destacam que as altas taxas prejudicariam a competitividade das exportações dos EUA, tornando os produtos americanos mais caros e menos atraentes no mercado global. De acordo com Gregory Kravitz, vice-presidente da Oxbow Energy, uma empresa de petróleo e gás, a medida “puniria a indústria norte-americana” e poderia levar ao desemprego em diversos setores.

O setor de energia, que é o maior exportador dos EUA em termos de valor, também é altamente dependente de embarcações chinesas. Aaron Padilla, vice-presidente do Instituto Americano de Petróleo, alertou que o plano traria custos adicionais significativos ao transporte marítimo, afetando negativamente a posição dos EUA como exportador líquido de energia.

Além disso, a Associação Nacional de Mineração, por meio de sua vice-presidente Veronika Shime, destacou que a proposta poderia prejudicar os objetivos de Trump de revitalizar a indústria americana e proteger os empregos internos. Grupos do setor agrícola, como os produtores de soja e trigo, também expressaram suas preocupações, com um estudo da Trade Partnership Worldwide apontando uma possível queda de até 42,2% nas exportações de soja e 64,4% nas de trigo.

Consequências para o comércio internacional

O impacto negativo da proposta já está sendo sentido no mercado. De acordo com a United Grain Corp, os custos de transporte para exportação de produtos essenciais como trigo, milho e soja aumentaram em 40%, e as tarifas podem causar um efeito cascata nas cadeias de suprimento globais. A MSC, maior empresa de transporte de contêineres do mundo, também alertou que poderia reduzir suas escalas nos portos dos EUA, o que poderia resultar em novos atrasos e escassez de produtos, semelhante aos desafios enfrentados no início da pandemia.

A audiência de quarta-feira foi a última antes de o governo tomar uma decisão final sobre o plano. Embora os operadores de navios dos EUA tenham se manifestado contra a proposta, representantes da indústria siderúrgica expressaram apoio à medida, destacando que ela poderia beneficiar a produção interna de aço.

O futuro do plano de Trump segue incerto, mas o crescente dissenso entre o governo e os executivos dos setores que ele prometeu apoiar destaca a complexidade e os possíveis efeitos adversos de suas políticas comerciais.

Redação Pec&AgrBr

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