Estudos realizados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) apontam que cerca de 27,7 milhões de hectares de pastagens degradadas em nove estados brasileiros possuem potencial para conversão em sistemas produtivos sustentáveis. O levantamento faz parte do “Plano de Priorizacão de Áreas e Estimativas de Investimentos”, disponível no portal do Mapa, e integra o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas em Sistemas de Produção Agropecuários e Florestais Sustentáveis (PNCPD).

Os resultados foram obtidos a partir de oficinas realizadas nos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Bahia, Tocantins, Rondônia, São Paulo e Pará. A iniciativa promoveu uma compreensão compartilhada e adaptada às realidades locais sobre a priorização das áreas degradadas e os investimentos necessários para a conversão. As informações estão disponíveis no Painel de Dados, documento que embasou os planos de ação.

Sistemas de produção sustentável

Com o uso de modelagem geoespacial multicritério, foi possível identificar seis sistemas produtivos sustentáveis para a recuperação dessas pastagens:

• Intensificação da pecuária de corte
• Intensificação da pecuária de leite
• Agricultura
• Florestas plantadas (silvicultura)
• Sistemas agroflorestais (SAF)
• Sistemas integrados na modalidade Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF)

A modelagem econômica também estimou os custos para implantar esses sistemas em cada estado. Os investimentos iniciais são calculados em aproximadamente R$ 139 bilhões, com custos operacionais anuais que podem atingir R$ 90,8 bilhões.

Benefícios ambientais e econômicos

A conversão dessas áreas para sistemas mais produtivos e sustentáveis gera benefícios ambientais significativos, como a mitigação das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), além de possibilitar o acúmulo e a manutenção de carbono no solo. Entre os 27,7 milhões de hectares com potencial de conversão, 25,1 Mha apresentam potencial para a intensificação da pecuária de corte, 16,9 Mha para a pecuária de leite, 11,5 Mha para a silvicultura, 8,8 Mha para a agricultura, 7,1 Mha para sistemas agroflorestais e 2,6 Mha para sistemas integrados (ILPF).

PNCPD e parcerias

Criado em dezembro de 2023, por meio do Decreto 11.815/2023, o PNCPD tem como objetivo promover e coordenar políticas públicas para a conversão de pastagens degradadas. Entre as atividades previstas estão a adoção de tecnologias sustentáveis, o financiamento a produtores rurais e a elaboração de planos de negócio alinhados com as realidades locais.

A iniciativa é fruto de uma parceria entre o Departamento de Reflorestamento e Recuperação de Áreas Degradadas do Mapa, o Instituto Clima e Sociedade (iCS), o Grupo de Políticas Públicas (GPP-ESALQ), a Agroicone, o Centro de Inteligência para Governança de Terras e Desenvolvimento Sustentável (CITE) e o Imaflora.

O estudo representa um passo importante para a promoção de alternativas inovadoras e sustentáveis para a agropecuária brasileira, conciliando a produção com a preservação ambiental.