Restrição na oferta de machos para abate mantém viés de alta do boi gordo

O mercado físico do boi gordo segue em tendência de alta, impulsionado pela oferta restrita de animais terminados, especialmente os machos jovens destinados ao mercado internacional, conhecidos como “boi-China”. Nesta terça-feira (11), os preços da arroba mantiveram estabilidade em boa parte do país, com algumas regiões registrando leves altas.
Segundo Fernando Henrique Iglesias, consultor da Safras & Mercado, a baixa disponibilidade de machos prontos para o abate e as escalas encurtadas criam um cenário favorável para valorização moderada. “Com um bom escoamento da carne bovina neste início de mês, há espaço para alguma elevação nos preços”, analisa Iglesias.
Desempenho dos preços regionais
O levantamento de preços aponta leves oscilações em diferentes estados:
- São Paulo: R$ 310,75/@ (leve queda em relação ao dia anterior)
- Goiás: R$ 290,18/@ (ligeira queda)
- Minas Gerais: R$ 307,53/@ (estável)
- Mato Grosso do Sul: R$ 294,20/@ (leve recuo)
- Mato Grosso: R$ 298,72/@ (leve alta)
No mercado especializado, o “boi-China” em São Paulo foi cotado a R$ 315/@, enquanto o boi gordo comum manteve-se em R$ 305/@. A média nacional do boi gordo nas regiões monitoradas fechou em leve alta, registrando R$ 289/@.
Exportações aquecidas, apesar de restrições
As exportações brasileiras de carne bovina continuam em ritmo forte, projetando um possível recorde histórico para março/25. Apenas na primeira semana do mês, foram embarcadas cerca de 60 mil toneladas, sinalizando uma projeção mensal de 205 mil toneladas, conforme a Agrifatto.
No entanto, o mercado segue atento às recentes restrições sanitárias temporárias impostas pela China a três frigoríficos brasileiros, o que pode gerar pressão baixista sobre os preços das vacas gordas.
Mercado futuro e atacado
Na B3, os contratos futuros do boi gordo avançaram pelo segundo dia consecutivo. Os vencimentos de maio/25 e junho/25 foram negociados a R$ 305,55/@ e R$ 308,19/@, respectivamente, com valorização diária de 2,29%.
O mercado atacadista, por sua vez, apresenta estabilidade momentânea, com possibilidade de leve alta devido à entrada dos salários na economia. Os preços médios no atacado são:
- Quarto traseiro: R$ 24,50/kg
- Dianteiro: R$ 18,00/kg
- Ponta de agulha: R$ 17,00/kg
Câmbio e perspectivas
O dólar comercial fechou em queda de 0,75%, cotado a R$ 5,8102 na venda, o que pode favorecer as exportações brasileiras nos próximos dias.
A Agrifatto destaca que a disponibilidade restrita de machos terminados continua sendo um desafio para os frigoríficos. “As escalas de abate não ultrapassam oito dias, o que dificulta as negociações e pressiona positivamente os preços do boi gordo”, conclui a consultoria.