Multinacional francesa investe em biogás a partir de resíduos de citros em SP

A multinacional francesa Louis Dreyfus Company (LDC) anunciou, nesta terça-feira (11), a construção de uma planta de biogás em Bebedouro, interior de São Paulo. Com apoio do Governo do Estado, a unidade será a maior do mundo a produzir biogás a partir de resíduos da citricultura.
A nova planta tem capacidade para receber 390 metros cúbicos por hora de resíduos da indústria de sucos, como os gerados durante a limpeza e o processamento de laranjas e limões. A expectativa é que a usina produza 7 milhões de metros cúbicos normais de gás por hora (Nm3/h) em dois ou três anos, possibilitando abastecer 100% da energia da unidade de Bebedouro e reduzir em 50% o uso de combustíveis fósseis.
“É a primeira planta do Brasil a produzir combustíveis renováveis por meio dos processos da laranja. Trata-se de um investimento de milhões de dólares, demonstrando que São Paulo oferece segurança jurídica, pesquisa, combate ao greening, seguro rural e disponibilidade de crédito”, afirmou Guilherme Piai, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado.
A iniciativa reflete a importância da citricultura para a economia paulista. Na safra 2023/2024, o setor gerou 45.112 empregos no estado, um aumento de 10% em relação ao período anterior. São Paulo também é responsável por aproximadamente 70% do suco de laranja consumido no mundo, com exportações que somaram US$ 334,41 milhões no último ano.
O projeto foi viabilizado graças a medidas de estímulo à produção de biogás e biometano no campo. Em 2024, o Governo de São Paulo, por meio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento e da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), implementou novos procedimentos para ampliar a geração de biocombustíveis em atividades agropecuárias, como avicultura, suinocultura, bovinocultura, frigoríficos e abatedouros.
Paralelamente, a produção de biogás em Bebedouro reforça a luta contra o greening, uma praga devastadora para os pomares de citros. Segundo o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), a incidência da doença no cinturão citrícola paulista caiu 54% em 2024, resultado do trabalho conjunto entre produtores e a Secretaria de Agricultura. Desde 2023, a Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) retirou de circulação mais de 40 mil mudas irregulares, algumas com suspeita de contaminação.
Com a nova planta de biogás e as políticas públicas de apoio à citricultura, São Paulo se consolida como líder em sustentabilidade e inovação no agronegócio brasileiro.