Com soja brasileira nos portos, China diz que pode abrir mão dos EUA

A China divulgou um vídeo institucional destacando a chegada de navios carregados com soja brasileira ao porto de Ningbo-Zhoushan, um dos principais hubs logísticos do país asiático. O conteúdo foi compartilhado pela plataforma Weibo, rede oficial de comunicação do governo chinês, e evidencia o fortalecimento comercial com o Brasil em meio à tensão diplomática e tarifária com os Estados Unidos.

O vídeo mostra o desembarque de toneladas de grãos e é acompanhado da seguinte afirmação de um jornalista local: “Depois que a China reduziu as compras dos Estados Unidos, navios com soja brasileira apareceram um atrás do outro”. Segundo os dados apresentados, a China desembarcou 700 mil toneladas de soja do Brasil em abril de 2025, aumento de 32% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando foram descarregadas 530 mil toneladas.

A publicação ganhou repercussão nas mídias estatais e em sites especializados em comércio exterior, por evidenciar uma postura cada vez mais firme da China diante da dependência tradicional de commodities americanas. Horas após a veiculação do vídeo, Zhao Chenxin, vice-diretor da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma — o principal órgão de planejamento econômico da China — reforçou a narrativa em entrevista coletiva.

“Não haverá muito impacto no fornecimento de grãos de nosso país mesmo que não compremos grãos e oleaginosas dos Estados Unidos”, declarou Zhao. Ele ainda ampliou a fala ao incluir outros produtos estratégicos, como minérios e gás, assegurando que a China possui alternativas de abastecimento no mercado internacional e internamente.

A exibição de robustez comercial da China ocorre em um momento de crescente atrito com os EUA. Enquanto os portos chineses operam a pleno vapor, reportagens de veículos locais nos Estados Unidos apontam queda na movimentação de carga em importantes terminais da costa oeste, como Seattle e Los Angeles. Especialistas atribuem esse cenário às tarifas impostas por Washington a produtos chineses, que encareceram as importações e afetam diretamente o fluxo logístico.

A movimentação do porto de Ningbo-Zhoushan reafirma a posição do Brasil como principal fornecedor de soja à China — relação que vem sendo reforçada nos últimos anos. O episódio também insere o agronegócio brasileiro no centro de um embate geopolítico que, cada vez mais, influencia os rumos da economia global.

Redação Pec&AgrBr

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