Estradas Abandonadas, Pedágios Caros e Portos Lentos: O Descaso com o Agro e com os Caminhoneiros é Vergonhoso

Por Maycon Tombini
Quem vive no campo sabe: produzir é só metade da batalha. O outro desafio — muitas vezes o mais cruel — é tirar a produção da porteira pra fora. E aí entra em cena um dos pilares invisíveis do agro: o caminhoneiro. Mas o que o Brasil oferece pra ele? Estradas esburacadas, pedágios nas alturas, combustível caro e zero apoio.
O produtor faz a parte dele. Planta, colhe, investe, gera emprego. O caminhoneiro também faz: madruga na estrada, roda milhares de quilômetros, enfrenta buracos, insegurança e calor escaldante. Mas na hora de escoar a safra, tudo trava. Caminhões atolam, pneus estouram, fretes mal cobrem os custos — especialmente com tantos pedágios caríssimos que encarecem o transporte e esmagam o lucro de quem dirige.
Hoje, atravessar o país é sinônimo de prejuízo. Tem trecho em que o caminhoneiro paga pedágio a cada 50 ou 100 km — e não vê retorno. A estrada continua ruim, sem acostamento, sem sinalização e sem segurança. Onde está o investimento? Onde estão as melhorias prometidas?
Enquanto o Brasil depende do agro, o agro depende do caminhoneiro. E o caminhoneiro depende de estrada boa, ponto de apoio digno e respeito. Mas o que recebe é abandono — e a conta cada vez mais alta no bolso.
O governo finge que não vê. Faltam investimentos sérios em logística rural. As obras ficam só no papel. A burocracia emperra tudo. E quem paga a conta é o produtor… e o caminhoneiro, que arrisca a vida e a saúde pra manter esse país girando.
É revoltante ver um Brasil gigante perder força por causa de buraco na estrada, porto parado e pedágio abusivo. E quando alguém reclama, ainda ouve que “tá ruim pra todo mundo”.
Mas a verdade é uma só: não dá pra crescer com o caminhão atolado, o pedágio nas alturas e o caminhoneiro esquecido.
O Brasil precisa de um plano real de infraestrutura rural que olhe também para quem está ao volante: pavimentação de rotas agrícolas, revisão das concessões e tarifas de pedágio, áreas de descanso seguras, postos com estrutura decente, fretes justos e respeito à profissão. Caminhoneiro não é custo — é elo. Sem ele, a comida não chega, o mercado não gira, o agro não anda. Respeitar o campo também é respeitar quem leva o campo até o país.