Brasil deve ultrapassar EUA e liderar produção global de carne bovina até 2027

O Brasil está prestes a assumir a liderança na produção mundial de carne bovina. De acordo com estudo apresentado por João Otávio de Assis Figueiredo, líder de pecuária e analista de commodities da consultoria Datagro, a expectativa é que o país ultrapasse os Estados Unidos até 2027, consolidando-se como a maior potência global da pecuária. A declaração foi feita durante entrevista ao programa Giro do Boi.

“O Brasil já abate cerca de 39 milhões de cabeças por ano, superando os norte-americanos. Estamos próximos de conquistar também o topo da produção total de carne bovina no mundo”, afirmou João Otávio. Segundo ele, o país já ocupa há anos a posição de maior exportador do produto no cenário internacional.

A análise da Datagro leva em consideração um contexto de escassez global de bovinos, especialmente na América do Norte. Os Estados Unidos enfrentam a maior crise dos últimos sete anos no setor, com o menor rebanho bovino registrado nesse período. Projeções indicam que os estoques mundiais devem cair para 607 milhões de cabeças até o fim de 2025 — o menor nível da história recente.

Diante desse cenário, o Brasil encontra espaço para crescer. “O país tem rebanho suficiente e ainda muito espaço para aumentar a produtividade, especialmente nas categorias de cria, recria e engorda. Estamos preparados para atender essa demanda crescente”, explicou o especialista.

Além da disponibilidade de terras e pastagens, a eficiência tecnológica também impulsiona o avanço da pecuária brasileira. Um exemplo é a inseminação artificial em tempo fixo (IATF), utilizada em cerca de 20% das vacas — índice ainda considerado baixo quando comparado a outras potências do setor. A expectativa é que a adoção dessa e de outras tecnologias cresça nos próximos anos.

A qualidade do produto brasileiro também tem contribuído para a sua valorização nos mercados internacionais. “China e Estados Unidos são grandes consumidores da nossa carne. Com a expansão da qualidade e a redução da idade de abate, especialmente após a exigência chinesa por animais com menos de 30 meses, nosso produto conquistou espaço nos principais mercados”, ressaltou João Otávio.

Outro fator relevante citado pelo analista foi a criação de uma nova ferramenta de mercado: o indicador do boi gordo, desenvolvido pela Datagro em parceria com a B3. “Esse indicador oferece maior previsibilidade e segurança para o mercado físico e futuro de boi gordo. Desde o lançamento, houve aumento significativo na liquidez dos contratos, o que mostra confiança do mercado”, afirmou.

Apesar do cenário promissor, o analista pontua que há desafios a serem enfrentados, como a rastreabilidade, a sustentabilidade da cadeia produtiva e eventuais fatores externos que possam afetar o setor. “Mesmo com esses obstáculos, a carne brasileira tem tudo para crescer ainda mais nos próximos anos”, concluiu.

Redação Pec&AgrBr

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