O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), revelou em entrevista à CNN quais setores do estado devem ser mais impactados pelo tarifaço anunciado pelo governo dos Estados Unidos, que tem previsão de entrar em vigor no dia 1° de agosto. Segundo Caiado, os prejuízos podem ultrapassar US$ 380 milhões, afetando diretamente a economia goiana.

“As consequências em Goiás vão repercutir principalmente na cadeia de carnes. Hoje a perda do valor do arroba de boi é significativa. Ela já esteve em patamar de R$ 320, está chegando agora em R$ 270”, afirmou o governador, ressaltando que a queda afeta diretamente a rentabilidade dos produtores e pode gerar reflexos em toda a cadeia produtiva, como os setores de ração e da indústria do couro.

Outro setor que deve sofrer com as novas tarifas é o de açúcar orgânico. Goiás é atualmente o maior produtor nacional desse tipo de açúcar e quase 100% da produção voltada à exportação tem como destino os Estados Unidos. “Nós temos o caso específico do açúcar orgânico. Goiás é o estado que mais produz açúcar orgânico no país e representa quase que 100% a exportação para os EUA”, destacou.

Na área da saúde, Caiado demonstrou preocupação com uma possível resposta do governo brasileiro, caso decida aplicar medidas de reciprocidade. “Grande parte dos aparelhos médicos e remédios vêm dos Estados Unidos”, alertou, indicando que tarifas de volta podem encarecer ainda mais o setor e prejudicar o atendimento à população.

A mineração também entrou na lista de setores vulneráveis. Goiás possui um subsolo rico e tem forte perfil exportador. De acordo com o governador, esse ramo pode sofrer perdas consideráveis caso as novas tarifas afetem diretamente o comércio internacional de minérios.

Caiado ainda citou o setor da citricultura e do pescado, que, embora sejam mais fortes em outros estados brasileiros, também mantêm produções voltadas para exportação em Goiás, e, portanto, podem ser atingidos pelo tarifaço.

Apesar do cenário preocupante, o governador afirmou que tem buscado alternativas para minimizar os impactos no estado. Entre as medidas, está a facilitação de linhas de crédito voltadas especialmente para pequenos empreendedores. “Isto aí atinge em mais de US$ 380 milhões a economia do estado de Goiás, que eu devo cuidar neste momento”, pontuou.

Durante a entrevista, Caiado aproveitou para criticar a postura do Governo Federal diante do impasse comercial com os EUA. Segundo ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria promovendo uma “queda de braço” com o governo norte-americano e agravando a crise econômica.