Guerra Comercial dos EUA Impulsiona Vendas de Soja do Brasil

A recente imposição de tarifas chinesas sobre a soja dos Estados Unidos está alterando o equilíbrio do mercado global, criando uma nova janela de oportunidade para o Brasil. Os dois países são responsáveis por aproximadamente 85% das exportações mundiais do grão, e a interferência governamental tem provocado reações imediatas no comércio internacional.
A Dinâmica do Mercado Global de Soja
A soja ocupa um lugar singular no comércio global. Apenas quatro países são grandes exportadores: Brasil, Estados Unidos, Paraguai e Argentina, sendo os dois primeiros os principais fornecedores da China, que compra cerca de 60% da soja exportada no mundo. Com as novas tarifas, a China busca no Brasil a principal fonte de suprimento, favorecendo os produtores brasileiros.
Impacto Direto nas Cotações
Esse cenário não é inédito. Em 2018 e 2019, durante a primeira guerra comercial entre EUA e China, a história se repetiu: os chineses recorreram ao Brasil, elevando a demanda e aquecendo os preços. Enquanto isso, os produtores americanos viram os preços caírem para próximo do custo de produção, cerca de US$ 9 por bushel. Com a retomada das compras chinesas em 2020, os preços saltaram para US$ 16 por bushel em 2021.
Atualmente, o preço da soja nos EUA ronda os US$ 10 por bushel, pouco acima do ponto de equilíbrio. A tendência é que, com a China priorizando o grão brasileiro, os preços americanos caiam novamente, criando margens apertadas para os produtores dos EUA.
Perspectivas para o Brasil e os EUA
A curto prazo, o Brasil deve se beneficiar do aumento da demanda chinesa, impulsionando suas exportações. No entanto, há um limite: quando os estoques brasileiros se reduzirem, a China inevitavelmente voltará a comprar dos Estados Unidos.
Esse ciclo, observado anteriormente, tende a se repetir. O Brasil colhe os frutos enquanto há oferta, mas o equilíbrio entre oferta e demanda global faz com que os EUA recuperem espaço quando o mercado brasileiro atinge seu limite de exportações.
No fim, a guerra comercial provoca ajustes temporários, mas a interdependência entre os dois maiores produtores e a maior compradora global permanece inalterada.