Crédito Chegou Tarde, Juros Altos Demais: O Produtor Continua Sendo Esmagado

Por Maycon Tombini
É fácil subir num palanque e dizer que apoia o agro. Difícil é encarar a realidade no campo. Quando o produtor mais precisou, a linha de crédito do Plano Safra foi suspensa. Depois, até liberaram. Mas já era tarde — e com juros nas alturas.
Enquanto o governo empurrava com a barriga, quem planta teve que segurar as pontas sozinho. E quando finalmente abriram o crédito, o susto veio nos números: taxas impraticáveis que desanimam qualquer um. Isso não é apoio, é castigo.
Produtor não quer esmola — quer condição justa pra trabalhar. E sem crédito acessível, não tem como investir, comprar insumo, renovar maquinário ou aguentar as variações do clima. Fica tudo no risco. E risco sem apoio vira abandono.
A situação atinge todos — do pequeno agricultor ao grande exportador. A insegurança é geral. Não dá pra planejar, não dá pra crescer. E quando o agro trava, o Brasil sente no bolso — e você sente no prato.
E a pergunta que fica é: onde estão os bancos públicos, que têm justamente a missão de oferecer crédito acessível e praticar taxas mais baixas? O governo tem, sim, instrumentos de ação rápida — o Banco do Brasil, a Caixa, o BNDES, os fundos constitucionais e os programas oficiais de financiamento. O que está faltando é vontade política.
A verdade é clara: o governo falhou de novo com quem realmente move esse país.
Está na hora de tratar o crédito rural como política de Estado. O campo precisa de juros compatíveis com a realidade da produção, com prazos adequados, menos burocracia e mais previsibilidade. Não dá mais pra trabalhar no escuro, sem saber se o recurso vem, quando vem e quanto vai custar. O agro quer produzir — mas precisa de um Estado que funcione.