Pesquisa com milho crioulo e feijão mangalô reforça tradição e nutrição no campo

A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) iniciou um estudo sobre o cultivo consorciado de milho crioulo, feijão mangalô e abóbora na mesma área agrícola. A prática, inspirada em um sistema ancestral da agricultura familiar chamado Milpa — também conhecido como “três irmãs” —, busca resgatar saberes tradicionais enquanto otimiza o uso de recursos naturais e fortalece a segurança alimentar.
O modelo Milpa une três culturas de maneira estratégica: o milho serve como suporte para o feijão, que por sua vez contribui com a fixação de nitrogênio no solo, enquanto a abóbora cobre o solo, reduzindo a evaporação da água e inibindo o crescimento de ervas daninhas. O resultado é um ecossistema agrícola mais equilibrado e eficiente.
Segundo a pesquisadora Marinalva Woods, da Epamig, o projeto visa valorizar cultivos tradicionais como o milho crioulo e o feijão mangalô — este último classificado como uma Planta Alimentícia Não Convencional (Panc). “O resgate e manutenção dos milhos crioulos vem sendo realizado por produtores e empresas de pesquisa e, diante disso, vimos como uma oportunidade de inserção do cultivo do feijão mangalô”, explica.
Mesmo nas fases iniciais do estudo, os pesquisadores já identificam benefícios agronômicos importantes. O sistema apresentou maior presença de insetos benéficos, menor incidência de doenças nas plantas e maior desenvolvimento das culturas. Além disso, a contribuição do feijão mangalô para a fertilidade do solo melhora o desempenho do milho e reforça sua resistência frente aos desafios impostos pelas mudanças climáticas.
Outro aspecto relevante do cultivo consorciado é o reforço à segurança alimentar e nutricional, já que proporciona diversidade de alimentos na mesma área, ampliando a oferta de nutrientes e favorecendo a dieta de populações locais.
A Epamig continua com os testes de campo e pretende divulgar, nos próximos meses, os dados comparativos de produtividade e viabilidade econômica do sistema. O objetivo é oferecer aos pequenos produtores uma alternativa sustentável, de baixo custo e alta eficiência, que una tradição e inovação no campo brasileiro.