Agricultura familiar ocupa só 4% da área produtiva em MS, apesar de representar 61% das propriedades

Apesar de representar 61% dos estabelecimentos agropecuários de Mato Grosso do Sul, a agricultura familiar ocupa apenas 4% da área produtiva do estado. Os dados fazem parte de um estudo divulgado na última quarta-feira (5) pela Secretaria Executiva de Agricultura Familiar (SEAF), vinculada à Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc).
O levantamento revela que, embora seja essencial para a produção de alimentos e a geração de empregos no campo, a agricultura familiar ainda enfrenta dificuldades como falta de assistência técnica, obstáculos para obtenção de crédito e infraestrutura inadequada.
Entre os principais produtos cultivados pelos pequenos produtores estão mandioca, milho e banana. No setor pecuário, o estado se destaca na produção de leite e ovos. No entanto, a comercialização segue como um dos principais desafios, com baixa adesão a programas governamentais como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
Políticas públicas e desafios do setor
Para o titular da Semadesc, Jaime Verruck, o estudo reforça a necessidade de ampliar o apoio à agricultura familiar por meio de investimentos em infraestrutura rural, fortalecimento do cooperativismo e ampliação do acesso ao crédito e assistência técnica.
“Estamos avançando nas políticas públicas mais inclusivas. Avançamos na questão de saúde, questão de escolaridade, na questão de comercialização para os produtos da agricultura familiar. Então é um importante diagnóstico socioeconômico para que possamos trabalhar tanto política, social, de crédito, de assistência técnica através da Agraer, pesquisa através das nossas instituições. Então a partir desse instrumento nós vamos direcionar recursos públicos e emendas parlamentares para que consigamos subir as grandes lacunas da agricultura familiar e, efetivamente, fazer com que possamos ampliar a renda dos produtores e melhorar a sua qualidade de vida”, afirmou Verruck.
O estudo, baseado nos dados do Censo Agropecuário do IBGE de 2017, aponta que 85% das propriedades de agricultura familiar possuem menos de 50 hectares.
“Realmente nós estamos falando de propriedades pequenas que buscam exatamente o seu desenvolvimento, de produzir alimentos, de se inserir nas cadeias produtivas. A partir desse diagnóstico, o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul define os seus indicadores e suas principais políticas”, acrescentou o secretário.
Distribuição da agricultura familiar no estado
Entre os municípios sul-mato-grossenses, Japorã lidera com a maior proporção de estabelecimentos agropecuários da agricultura familiar, atingindo 88,29%. Já Água Clara, município de grande extensão territorial, apresenta o menor percentual, com apenas 5,85% dos estabelecimentos voltados para essa atividade.
Em Ribas do Rio Pardo, os estabelecimentos da agricultura familiar ocupam apenas 0,45% da área agropecuária. Municípios como Corumbá e Porto Murtinho também apresentam baixa participação da agricultura familiar no total das áreas produtivas.
O estudo ainda traçou um perfil dos produtores familiares em MS. A maioria dos estabelecimentos pertence a homens, com percentual que varia entre 58,59% em Amambai e 95,45% em Água Clara, onde apenas uma das 22 propriedades é comandada por uma mulher. A maior parte dos produtores tem entre 45 e 65 anos de idade, faixa etária que corresponde a metade das propriedades analisadas.
A apresentação do estudo foi realizada durante a reunião ordinária do Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável de Agricultura Familiar (Cedraf), no auditório da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer).