Ministro projeta que Brasil recuperará status de livre de gripe aviária em 28 dias, se não houver novos casos

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, afirmou nesta segunda-feira que o Brasil pode voltar a ser considerado país livre de gripe aviária — e reativar os embarques de carne de frango — se nenhum novo caso da doença for registrado até 16 de junho, prazo equivalente a um ciclo completo do vírus.
“Cumpridos os 28 dias sem novas infecções, poderemos, com base na ciência, comunicar aos parceiros comerciais que o Brasil está novamente livre de influenza aviária”, declarou o ministro, em conversa com jornalistas no Palácio do Planalto.
Contenção no epicentro
A declaração vem três dias após o primeiro foco de influenza aviária de alta patogenicidade (H5N1) em uma granja de matrizes de Montenegro, região metropolitana de Porto Alegre. Técnicos do Ministério isolaram a propriedade, sacrificaram o plantel e rastreiam o trânsito de aves, ração e equipamentos. “A inutilização de toda a produção reduz drasticamente o risco de novos casos”, frisou Fávaro.
Impacto imediato no comércio
O episódio levou China, União Europeia e Argentina a suspenderem preventivamente as importações de frango brasileiro por 60 dias — medida que, nos dois primeiros casos, vale para todo o território nacional. A China, maior destino das exportações, estava prestes a retirar uma restrição anterior ao Rio Grande do Sul por doença de Newcastle. “Recebemos sinal verde da aduana chinesa na viagem presidencial da semana passada, mas, infelizmente, surgiu esse novo obstáculo”, explicou o ministro.
Mesmo após eventual restabelecimento do status sanitário, a volta ao ritmo normal de vendas será gradual. “Não significa que, no dia 29, todos os mercados reabrem. Haverá pedidos de informação e auditorias, o que é esperado”, ponderou.
Segurança do consumo
O Ministério reforçou que a influenza aviária não é transmitida pelo consumo de carne ou ovos devidamente inspecionados. O risco para humanos está limitado a profissionais que manejam aves infectadas.
Próximos passos
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Monitoramento diário da região afetada, com coleta de amostras em raio de 10 km.
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Relatórios semanais enviados à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).
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Negociação diplomática para restringir eventuais embargos apenas ao Rio Grande do Sul, evitando impacto nacional prolongado.
Caso o cronograma seja cumprido, o Brasil — segundo maior exportador global de carne de frango — espera retomar embarques plenos ainda em julho