Reforma agrária ou trincheira ideológica? MST reacende debate sobre invasões e conivência institucionalal

As recentes ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), marcadas por uma série de invasões de propriedades no chamado Abril Vermelho, reacenderam um debate sensível no Brasil: a politização da reforma agrária e o risco de transformar o campo em campo de batalha ideológica.
Apesar da necessidade histórica de redistribuição fundiária no país, o formato adotado por grupos como o MST tem gerado crescente preocupação entre produtores, juristas e setores do agronegócio. O movimento, que atua sem CNPJ, personalidade jurídica ou qualquer tipo de fiscalização formal, tem se comportado como entidade à margem das leis, promovendo ocupações que violam frontalmente a Constituição Federal.
A Carta Magna, em seu artigo 5º, garante o direito à propriedade privada. Já o artigo 1210 do Código Civil reforça a proteção à posse legítima, criminalizando o esbulho possessório — nome jurídico para a invasão de imóveis. Apesar disso, o Estado brasileiro tem falhado em fazer valer essas normas. Executivo, Judiciário e Ministério Público vêm se omitindo diante de ocupações travestidas de reivindicações políticas, permitindo a escalada de um clima de insegurança jurídica no campo.
Essa ausência de resposta institucional ameaça não apenas a estabilidade no meio rural, mas também afeta a confiança de investidores e o papel do Brasil como potência agroexportadora. Em um país de dimensões continentais, com vastas áreas ainda marcadas por registros históricos imprecisos, o desafio da regularização fundiária exige um tratamento técnico, transparente e legal — não improvisado ou ideológico.
O atual modelo de reforma agrária frequentemente entrega lotes a famílias sem preparo técnico ou estrutura adequada. O resultado são assentamentos que rapidamente se tornam bolsões de miséria rural, com baixa produtividade, falta de infraestrutura e sem perspectivas de emancipação econômica. Isso, segundo analistas, distorce o propósito original da política fundiária e transforma a terra em dependência estatal, não em autonomia.
Enquanto isso, o agronegócio brasileiro, cada vez mais tecnológico e eficiente, segue abastecendo o mercado interno e liderando exportações globais. A contradição é evidente: de um lado, excelência produtiva; de outro, manipulação política e resultados inexpressivos.
A reforma agrária precisa, sim, acontecer — mas com responsabilidade, meritocracia e políticas de suporte. Conceder terra deve vir acompanhado de capacitação, acesso a crédito, assistência técnica e inserção em cadeias produtivas. Só assim se promove justiça social com sustentabilidade.
O alerta é claro: quando feita com viés ideológico e conivência institucional, a reforma agrária deixa de ser um instrumento de inclusão e se torna um projeto de poder. Nesse cenário, o país planta insegurança e colhe retrocessos. Terra é produção. Terra é lei. Terra não pode ser usada como trincheira partidária.